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JUAZEIRO: Faltam médicos e Samu na saúde pública do município

Ambulância para o atendimento de urgência está precária. Sucateamento da frota já resultou em cobrança do Ministério Público, que deu um prazo de 90 dias para regulação do Serviço Móvel de atendimento público (FOTO: ROBERTO CRISPIM/DIÁRIO DO NORDESTE)

Demora na marcação de consultas médicas, ausência de profissionais em hospitais e postos de saúde, falta de medicamentos nos postos de atendimento, má qualidade no serviço e o sucateamento das ambulâncias que realizam o deslocamento de pacientes em estado de emergência. Este é o quadro apresentado pela população de Juazeiro do Norte que depende das ações desenvolvidas pelo setor de saúde para sobreviver.

Os casos se agravam quando os serviços são buscados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde a população espera encontrar médicos, enfermeiros, odontólogos e técnicos da área de saúde. Em todo o município há 64 UBSs. Em algumas unidades, porém, falta de médicos.

No bairro João Cabral, a população cobra a realização de procedimentos. Segundo os moradores na unidade é preciso aguardar até 30 dias para que uma simples consulta seja realizada. “Se alguém precisar de um atendimento aqui no posto a pessoa faz é morrer por causa da demora”, avalia Maria do Socorro Silva, que reside no populoso bairro.

Ela conta que houve casos em sua família no qual seria necessário esperar por seis meses para que um exame fosse realizado pelo município. “Meu marido mesmo precisou de exames. Trinta dias de espera pelo atendimento no posto de saúde e, depois, quando o médico pediu os exames, foi dito na central de marcação que era necessário esperar seis meses pra poder fazer o exame”, conta indignada. Segundo ela, devido a gravidade do estado em que o marido se encontrava, foi preciso que os parentes se cotizassem para que o exame fosse realizado em uma clínica particular. “Ou faz das tripas coração ou então o sujeito morre e ninguém tá nem aí”, salienta a moradora.

Fabiana Maria Evangelista também reclama da falta de qualidade no atendimento oferecido pelo setor à população. Conforme afirma, na maioria dos postos de atendimento não há remédios para distribuição gratuita. “Diz que tem e quando o povo vai buscar não encontra nem esparadrapo”, diz em tom irônico.

Ela recorda que uma vizinha também necessitou de atendimento na unidade do João Cabral e, na data, não havia médico para realização da consulta. “Falta médico sempre. Não é novidade isso aqui no bairro. Mais fácil não ter do que ter”, informa.

Sem plantonistas

No bairro Tiradentes as queixas também acontecem. O mototaxista João Paulo Araújo diz que para não ver a filha morrer com uma dor na região do estômago precisou levá-la as pressas para o Hospital Regional do Cariri (HRC). Segundo afirma, não havia médico de plantão no Hospital Municipal Tasso Jereissati, popularmente conhecido como Estefânia Rocha Lima. “O único hospital que presta em Juazeiro é o Regional. Se levar pro Estefânia é capaz da pessoa morrer sem atendimento”, avalia o mototaxista.

A população também reclama do estado de sucateamento apresentado pela maioria das ambulâncias que realizam o transporte de pacientes em estado de emergência. Conforme o digitador Paulo Andrade Figueiredo, que reside no bairro do Socorro, há veículos onde cordas são utilizadas para que a porta traseira do carro possa ser fechada. “É uma verdadeira imoralidade. Imagine se a corda quebra, a porta abre e o paciente caí no meio do asfalto, como é que fica a situação?”, questiona.

Paulo Figueiredo diz ter sido ele próprio vítima de tal situação e que, ao ser embarcado na ambulância tomou um susto ao perceber a falta de estrutura para o atendimento.”Minha mãe, uma senhora de 60 anos, quebrou a perna devido um acidente doméstico. Chamei a ambulância e, quando entrei no carro pra acompanhá-la não havia nada que lembrasse o interior de um carro de socorro de emergência”, afirma.

No início do mês passado o sucateamento das ambulâncias resultou em recomendação estabelecida pelo Ministério Público Federal. Na ocasião, o procurador da República Celso Leal, autor da recomendação, deu prazo de 90 dias para que o município realizasse a instalação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), conforme divulgado pelo Diário do Nordeste.

A secretária de Saúde do município, Petrúcya Frazão, alega surpresa em relação as denúncias de falta de médicos nas Unidades Básicas de Saúde do município. Conforme disse, “é importante que as informações repassadas pela população sejam também encaminhadas à Ouvidoria para que, existindo irregularidades, providências sejam adotadas imediatamente”.

Reestruturação

Petrúcya Frazão reconheceu deficiências em relação a distribuição de medicamentos gratuitos e informou que a pasta já está trabalhando para restruturação do setor de marcação de exames. “Em relação aos medicamentos, alguns estão realmente faltando devido a ausência de repasse pela Secretaria de Saúde do Estado. Nós, inclusive, já solicitamos que haja pressa do Estado no encaminhamento dessa medicação. No tocante a demora na marcação de exames, nós iremos reorganizar a logística do setor, o mais breve possível, garantindo, desta forma, maior rapidez nas marcações dos exames”, disse.

A secretária também explicou que o município está se adequando a recomendação do Ministério Público Federal e que, em alguns casos, já há veículos em melhores condições para o atendimento de emergência. Sobre a implantação do SAMU, Patrúcya Frazão disse que a reforma do prédio onde o serviço irá funcionar começou dia 18 do mês passado e que a conclusão deve acontecer em dezembro. “Nós temos até o final do ano para realizarmos a entrega da obra. A partir daí, caberá ao Governo do Estado determinar o início dos serviços”, disse.

Diário do Nordeste

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